O termo “inteligência emocional” pode parecer um pouco técnico ou parecer algo exclusivamente de psicólogo. No entanto, se você não entende de inteligência emocional, você não pode liderar, porque liderar é coisa de gente que entende de gente, de quem quer entender de comportamento humano, entender porque agem da maneira que agem e, a partir disso, gerenciar melhor sua comunicação, seus relacionamentos, melhorar sua capacidade de influência. Tudo isso é fruto de inteligência emocional.
Já dizia Simon Sinek: “100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios.”
Vamos entender melhor sobre esse conceito e como ele se aplica à sua carreira de liderança.
Inteligência emocional é um tipo de talento?
Não! Pois ela sofre influência da maturidade e é uma habilidade que se aprende no estilo jornada. Portanto, se alguém prometer a você uma pílula mágica de inteligência emocional, desconfie.
Por quê? Porque a cada passo da jornada, você se conhece um pouco, melhora, daí erra, arruma o erro, melhora mais um pouco, erra de novo, usa técnicas de autoconhecimento, melhora mais um pouco e assim por diante.
Agora, uma coisa eu te garanto, a inteligência emocional é uma habilidade que pode ser aprendida e treinada. Por isso, nunca é tarde para começar a desenvolvê-la, principalmente porque já existem pesquisas mostrando que inteligência emocional é a habilidade comportamental principal que os RHs estão considerando no momento da contratação e, também, da promoção. Já está claro que pessoas com alta inteligência emocional geram mais resultado, têm melhores relacionamentos e têm mais potencial de crescimento na carreira.
A inteligência emocional é baseada em 5 grandes pilares, segundo o PhD Daniel Goleman, que foi quem deu visibilidade sobre o assunto em seu livro Inteligência Emocional, 1996: autoconhecimento – conhecer suas próprias emoções -, controlar as emoções – autogestão -, automotivação, empatia e relacionar-se interpessoalmente. Mas vamos focar apenas nas 2 primeiras, ok?
Autoconsciência
Neste pilar é que você fará o exercício de autoconhecimento: eu me conheço, eu sei como eu reajo em relação às coisas que acontecem na minha vida, eu sei quais são as tendências das minhas emoções, quais são as minhas crenças e meus posicionamentos.
Parece muito básico, mas há muitas pessoas por aí que não se autoconhecem e que vão levando as emoções e o comportamento no refrão do Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar” e vai colhendo frutos amargos tanto na carreira quanto nos relacionamentos. É difícil controlar as suas emoções se você nem mesmo as conhece, concorda?
O autoconhecimento é o processo de se olhar para dentro. Parece um assunto abstrato, mas tem tudo a ver com a liderança. Porque para você fazer a gestão da sua equipe de forma correta, você precisa saber lidar com as suas emoções primeiro.
Autocontrole
Pense comigo: se eu me conheço bem, como eu faço para me gerir? Como eu faço para controlar as minhas emoções para não explodir? Como eu faço para não omitir?
A partir desse autoconhecimento e autocontrole, é possível ter empatia pelas pessoas e ter uma melhor gestão dos seus relacionamentos.
Um pesquisa feita pelo LinkedIn mostrou que 72% das pessoas que pedem demissão o fazem em função do líder e não necessariamente da empresa. Isso acontece porque líderes que não têm inteligência emocional e autoconhecimento são pessoas que não se relacionam bem com os outros, explodem, são agressivas, controladoras, perfeccionistas, omissas, não enfrentam nada e não se posicionam.
Outra pesquisa confirmou que os profissionais mais talentosos e que crescem com maior velocidade na carreira são os que têm inteligência emocional. Portanto, líder, é um assunto inevitável.
Pensando nisso, precisamos sair da superficialidade se quisermos evoluir como seres humanos. Não adianta liderar outras pessoas e não saber se auto liderar. Liderar suas emoções, tempo e prioridades é essencial para uma liderança equilibrada.
Outro ponto importante para levantarmos é que o líder maduro não se ofende com qualquer coisa, não leva as coisas ao pé da letra, sabe ouvir opiniões divergentes e conciliar necessidades. Por isso, de nada adianta você ter um monte de métodos e ferramentas de gestão se, no dia a dia, você não souber se relacionar com seu time.
Por que usar uma ferramenta de autoconhecimento?
Porque precisamos entender nosso PERFIL COMPORTAMENTAL.
Essa é a primeira etapa do seu autoconhecimento. Vamos fazer uma analogia com a madeira. Você precisa entender que tipo de madeira você é. Por exemplo: um tipo A pode ter uma consistência mais dura, uma cor específica, características específicas. O tipo B já tem características bem diferentes do tipo A.
O perfil comportamental é o famoso: “qual é seu jeitão natural?”.
Existem certas características cognitivas que são comuns entre os seres humanos e algumas delas são semelhantes, dependendo do seu perfil comportamental.
Vamos usar o método DISC que é o mais simples para começarmos a abordar o assunto de perfil comportamental, pois ele separa as pessoas em 4 grandes perfis comportamentais que nos ajudam a entender nosso comportamento.
Os perfis são DOMINÂNCIA, INFLUÊNCIA, ESTABILIDADE e CONFORMIDADE. Quando você faz o teste e descobre em qual perfil suas características cognitivas se encaixam, você começa a entender porque você age de tal forma e também onde o calo aperta porque o perfil mostra tanto as características positivas quanto as negativas. Aí você pode trabalhar as que estão prejudicando você no dia a dia.
O que você descobre com o teste DISC?
O teste DISC surgiu em meados da década de 1920 pelo psicólogo norte-americano William Marston (1893 – 1947) – também criador da personagem Mulher Maravilha (lembra do laço da verdade?). Portanto, descobre-se que cada pessoa tem um comportamento mais direcionado para um desses perfis comportamentais que mencionamos.
Vamos entender mais a fundo os perfis comportamentais do DISC!
Líder com perfil DOMINANTE
Significa que você gosta de atingir resultados e metas. Isso é um grande incentivo para você. Por outro lado, há uma pincelada de egocentrismo no seu comportamento; sua liderança é baseada no poder e na autoridade, tem sucesso na gestão de mudanças e situações de crise.
Esse perfil é bastante encontrado nas empresas porque é muito focado em resultados. No entanto, se desequilibra fácil, tende à agressividade, e não tem paciência com as pessoas que não tem a mesma velocidade. Esse líder deixa as pessoas para trás. Mas precisamos entender que velocidade não é sustentabilidade, porque é preciso reduzir para ganhar qualidade, engajamento e sustentabilidade. Ele acaba enlouquecendo as pessoas da equipe.
É um líder que tem muita praticidade e rapidez de raciocínio, mas pode se tornar tóxico e perder o controle e explodir. Nem sempre sua ideia é melhor. Precisa desenvolver uma liderança para ser mais participativa. Isso você não vai conseguir de maneira natural, mas intencional.
Líder com perfil INFLUENTE
Esse líder tem grande facilidade em comunicação e em influenciar os demais de maneira natural, sendo que, ao mesmo tempo, pode começar várias tarefas e concluir poucas;
É um líder que conversa sempre com as pessoas e aprecia situações que sejam novas e dinâmicas. A sua liderança é baseada no carisma e na motivação. Tem sucesso na criação de ambientes agradáveis.
Ele é um líder inspirador nato. Mas qual seu calcanhar de Aquiles?
É indisciplinado, vai aceitando coisas novas, e vai deixando o time sobrecarregado. Não tem muito direcionamento de onde vai chegar, porque ele até se planeja, mas vive mudando o plano.
Esse líder precisa ter alguém mais organizado na sua equipe que o ajude a puxar esse carro. Essa é a mágica de uma equipe diversa, porque esse colaborador vai suprir essa falha. Aqui vale se planejar melhor de maneira intencional, e pode continuar sendo adaptável e flexível, sem gerar o caos.
Líder com perfil ESTÁVEL
Esse líder é ótimo para trabalhar em equipe, pois tem como grande habilidade a cooperação. Do outro lado da moeda, pode se manter reativo à mudanças e correr riscos;
Ele apresenta uma abordagem participativa e orientada para processos. A sua liderança é baseada na experiência e na especialidade. Tem sucesso na manutenção de rotinas, tem uma tranquilidade natural e é bastante amigável.
É um tipo de líder apoiador. Mas qual seu calcanhar de Aquiles?
Ele foge de conversas difíceis. Quando tem feedback, sua frio. Essa é uma característica que tem que desenvolver.
Líder com perfil CONFORMADO
Esse líder é excelente em garantir a precisão e competência das atividades. No entanto, esse comportamento pode levar a ser exigente demais consigo mesmo.
É ótimo para interpretar fatos e detalhes, analisando a estrutura dos processos. Por isso, sua liderança é baseada em regras e padrões. Tem sucesso no controle de qualidade porque é metódico e consegue evoluir continuamente com regras. É um bom perfil para cargos de auditoria, por exemplo.
Esse líder é sistemático. Mas qual seu calcanhar de Aquiles?
Precisa ser mais empático, ouvir o outro, não ver colaboradores apenas como fazedores de tarefas, e ter um equilíbrio dos processos, mas sem controlar tanto as pessoas. Quando a pessoa não tem muita autonomia, ela se sente controlada e não engaja.
Para resumir nosso artigo, eu sempre gosto de dizer que toda luz tem sua sombra.
Por isso, é importante que você conheça tanto sua luz quanto sua sombra em sua jornada de autoconhecimento. Ele é o caminho para uma liderança madura.
Agora, que tal fazer o seu teste DISC? Clique aqui
Você quer mesmo saber se você se conhece? Então, peça um feedback para alguém que você confie e confirme suas percepções. Sabe por quê? Porque existem coisas que a gente consegue enxergar em nós mesmos e tem outras que só os outros enxergam… são nossos pontos cegos. E nada como um bom feedback para nos ajudar a ver os nossos.
Continue firme na jornada da Inteligência emocional, vale a pena!